Eles também descobriram que essas bolas enlameadas de cerca de 2,5 centímetros de diâmetro parecem ter deixado trilhas no piso do oceano, como se rolassem por força própria. Matz e seus colegas agora descrevem sua descoberta em termos mais científicos, na revista Current Biology: trata-se de uma ameba gigante do genus Gnomia ¿um envelope transparente de protoplasma com um centro repleto de água que ajuda o organismo a manter a forma esférica.
Eles afirmam que a criatura de fato rola, se propelindo com extensões de protoplasma que também servem para extrair nutrientes do piso do oceano.
Essa bola de golfe viva e autopropelida é mais que uma curiosidade, porque os sulcos que cria se parecem com os encontrados em fósseis datados de mais de 550 milhões de anos. E por isso a ameba rolante desperta dúvidas sobre a compreensão dos cientistas quanto à diversificação da vida na Terra.
Muitos cientistas argumentam que organismos multicelulares que têm duas metades simétricas evoluíram antes da explosão câmbrica, a vasta expansão de formas de vida ocorrida 542 milhões de anos atrás. Eles acreditam que só organismos complexos poderiam se deslocar de forma a deixar os traços encontrados nos fósseis.
Mas os Gromia são unicelulares e deixam os mesmos traços. "Isso complica as coisas para a teoria de lenta evolução no pré-cambriano", disse Matz.
Tradução: Paulo Migliacci The New York Times (Terra)
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